terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Que a brincadeira seja eterna!

Julgo que a maioria dos actuais pilotos, tanto os profissionais, como os simples amadores devem ter esta paixao de voar muito antes de alguma vez terem experimentado a própria sensação. Não sei se haverá alguma explicação a nível científico ou alguma área da psicologia que possa explicar alguns comportamentos que tivémos e que outros têm neste momento, quando se brinca a pensar nos aviões.Lembro-me de passar horas a desenhar aviões ao mesmo tempo fazendo sons imitando as turbinas dos mesmos, de usar vários objectos lá de casa que eram logo transformados em protótipos de aeronaves, ou então construir os meus ULMs com seis ou sete peças da Lego ou ainda de estar completamente nas nuvens na carteira da sala de aula da escola primária imaginando o meu cockpit e voando sei lá para onde. Mais tarde já recebia pequenos modelos ou cravava os meus pais por alturas do aniversário ou Natal pedindo algum modelo especial. Havia ainda as colecções das pastilhas elásticas com centenas de modelos (fotos) e outra colecção de cromos de companhias aéreas, com um mapa que se recebia  no final, depois de ter ingerido dezenas de gelados.Para além de tudo isto, quando frequentava o chamado ciclo preparatório em Lisboa, o melhor desse tempo era ao fim de semana, quando o meu pai acedia ao meu pedido e íamos para o terraço do aeroporto da Portela apreciar todos aqueles 727, 707 alguns 747 e tantos outros que ficavam mesmo ali na placa a poucos metros da varanda desse terraço. Nesse ano de 1974, em Agosto fiz o meu primeiro voo para Luanda, que emocionante e inesquecível aquela viagem, finalmente tinha voado, sentido aquele arrepiante extase.
O que será que nos traz para este mundo de asas, fuselagens, trens de aterragem, lemes de direcção, flaps numa brincadeira interminável? Sim, nunca mais nos conseguimos separar deste "bichinho" das máquinas voadoras, já tentei acreditem, não consegui porque está cravado bem no fundo do meu ser.
Tenho observado ultimamente algumas crianças, pelo facto de ter uma com cinco anos e de eu próprio dar umas aulinhas semanalmente num infantário, reparo que alguns, incluindo a minha,  estão precisamente a vivenciar todas aquelas viagens imaginárias com brinquedos agora mais sofisticados de aviões ou helicópteros, mas a essência é a mesma, os sonhos são os mesmos.Serão os futuros pilotos, não tenho dúvidas, que licenças de voo irão ter, isso já não sei.
Eu lá vou brincando e sonhando no meu velho e pequeno Quicksilver. Vocês que estão ainda a ler estas linhas, têm brincado? Têm treinado e divertido? Que a brincadeira seja eterna!

Sem comentários:

Enviar um comentário