sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O romantismo dos ultraligeiros MEB (Multieixos Básico)

A aviação ultraligeira tem evoluído de tal forma que hoje dezenas de empresas em todo mundo constroem e desenvolvem projectos bem arrojados, usando tecnologia de ponta, materiais e fibras que há pouco tempo só alguns construtores de renome poderiam usar.O monopólio de alguns construtores a nível mundial da aviação ligeira desabou, a aviação tem evoluído para máquinas de melhores perfomances aerodinâmicas, reduzidos consumos e consequentemente mais amigas do ambiente.Contudo os preços de algumas destas máquinas ainda são para muitos de nós um grande empecilho, quase impossível de alcançar, a não ser com a ajuda eventual da Santa Casa da Misericórdia, ou criando um grupo de sócios proprietários.

   Estabelece-se assim um certo elitismo social associado aos ultraligeiros, como acontece de resto em quase tudo nesta sociedade globalizada e de diferenças. Para ser franco não me incomoda nada do ponto de vista aeronautico.     A realidade é que neste momento quem tiver o sonho de voar, esse desejo arrebatador de ver o mundo de ângulos diferentes é possível fazê-lo de várias formas, isto é, para diferentes bolsas há respectivas soluções para quem quiser voar.Não tem que ter forçosamente 50000 euros, para falarmos de modelos recentes ,ULM Avançados «mais» acessíveis.

Se excluirmos estes aspectos de ordem financeira para a aquisição de um ULM, podemos sempre reflectir sobre o tipo de voo que mais nos agrada, quais as características que mais apreciamos ou damos importância.
Quais as necessidades reais em se optar por determinado tipo de aeronave em detrimento de outra?
Antes de adquirir uma aeronave dever-se-á analisar bem o que pretendemos dela, para que finalidade e quais as opções que temos.Muito similar à compra de um automóvel até certo ponto.Dos novos modelos a sair até aos usados, com garantia ou sem ela, vai um sem número de máquinas disponíveis.

Uma opção bastante razoável e realista nos tempos que correm, sem entrar em loucuras orçamentais é a aquisição de um MEB usado de "tubo e tela" com um Rotax, HKS ou outro motor.Há variadíssimos modelos no mercado, é uma questão de procurar, nas revistas, net, visitar aeroclubes, encontrará de certeza um multieixo básico que o fará sonhar. Depois esse "tubo e tela" pode não conseguir passar das 80 milhas por hora, com uma razão de subida apenas de 1000 pés por minuto, ter
comandos um pouco "duros", poucos instrumentos e então? Então vamos sentir o verdadeiro prazer de voar com os nossos sentidos bem alerta, sentir o vento na cara, dançar um pouco na turbulência por vezes, "apanhar" térmicas...regressar um pouco às origens da aviação, ao romantismo do início do séc.XX, apreciando a beleza da paisagem à nossa volta. No entanto sabemos estar a voar uma máquina concebida em CADCAM, testada e aprovada por entidades aeronauticas credenciadas, tendo rádio VHF e eventualmente GPS a bordo, para além dos instrumentos do painel, o que não acontecia naquela época. É como voltar a reler todos os livros de Richard Bach, sentirmos as mesmas emoções do autor e ficar a compreender melhor tudo o que ele diz. É fazer parte da família dos "Aerolisos", amigos de confraria dos "tubo e pano" brasileiros (http://www.aerolisos.com.br/) e de tantos outros aeroclubes e associações por este mundo fora.Quanto irá gastar na compra de um "tubo e tela" usado?Depende bastante, do estado de conservação, do modelo em si, do motor. Depende muitas vezes do vendedor ter parado no tempo e querer vender sem contar com a desvalorização, como se fosse uma aeronave recente...nestes casos normalmente continuará a ser ele o proprietário por mais algum tempo. Creio que entre os 3000 e os 10000 euros se consegue adquirir um ultraligeiro em boas condições.Antes de comprar fale com alguém, mecânico, ou amigo experiente, para ter uma ideia mais precisa sobre a máquina que tenciona comprar.
Aprendi a voar nos Cessna 150/152 ,não deixo de pensar que são belos exemplos de pequenos - grandes aviões e autênticos marcos na formação em geral, mas tiro mais prazer a voar o meu velhinho Quicksilver ,tandem, sem portas (retiradas propositadamente).Tiro prazer sim, porque não sinto vocação para acrobacia, não preciso de chegar ao Algarve em menos de uma hora, qualquer pista é suficiente à partida (e à chegada tb), como diria um amigo, "tens aí um todo-o-terreno". Tiro prazer em limpá-lo, ver se o seu "coração" está funcionando bem, prazer em  despejar gasolina/óleo para o depósito, prazer em reler o manual assíduamente, sinto prazer nessas pequenas coisas e nas conversas com outros pilotos.
Sinto prazer em sobrevoar calmamente a nossa costa, as lezírias, o pedaço de terra que herdámos dos nossos antepassados.

1 comentário:

  1. gostei muito de saber que realisate um velho sonho...parabens amigo..!!!!!!! miguel

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